O LUGAR

Yoga, religare, religião, autoconhecimento, enfim….

 Os nomes vão mudando, as concepções vão se formando e assim estamos todos “juntos” nessa caminhada a procura de equilíbrio, felicidade e um fim uno com o sagrado. No Bhavagad-Gita por exemplo Krishna afirma que “…todos seguem meu caminho…”

Mas o ponto em questão não é promover o ecumenismo e muito menos julgar processos, mas sim compartilhar um pouquinho do que venho percebendo na pratica de ashtanga yoga durante esses anos. Nesse texto quero falar “Do Lugar”.

O Lugar onde não se esconde.

O lugar onde não se mente.

O lugar onde não se aparenta.

O lugar onde não há equilíbrio.

O lugar onde não há luz.

O lugar onde não é confortável.

Sim, o lugar onde gera sorrisos e lagrimas ao mesmo tempo.

Nesse lugar, a repetição da série de ashtanga, diariamente, nos traz humildade para estarmos nus, apenas com nossa vontade de superar, untados com nossa limitação e a esperança de se curar. Cada praticante conhece seu lugar, conhece muito bem o asana, que como uma lanterna, clareia áreas na qual seu sistema nervoso te leva pro amago de suas marcas, fraquezas e padrões comportamentais. Ali mora o yoga, por que após esse lugar, se purificado, não é mais apenas processo, é simplesmente presença e contentamento.

Diferentes religiões e correntes teorizam esse lugar: pecado, karma, doença espiritual, falta de Deus, e assim podemos listar aqui diferentes expressões. Não desconsidero alguns conceitos importantes e profundos aqui citado acima, mas com o jeitinho manhoso do ego, vestimos nossas limitações com muitas indumentárias religiosas ou carismáticas; as vezes tão sutis, que algumas vezes um monge passa a vida toda sem perceber que sua fé é sincera, seu processo é fidedigno, mas seu dharma…???

“O lugar” onde venho expor aqui nesse texto é o ponto crucial para sentir a presença, o contentamento e principalmente ver a verdade. Mesmo que num primeiro momento ele seja muito desconfortável e demorado pra ser superado.

É difícil aceitar, e chega a doer saber que nossas verdades espirituais, nossas praticas religiosas ou até mesmo nossa purificação ainda é zona de conforto, ainda é felicidade sustentada por um círculo, por uma egregora, e por argumentos fundamentados em situações que pra nós é considerado acalentador. Sem nos mostrar realmente que não se resume apenas em  “orai!” mas principalmente em “vigiai.”

Esticar o tapete diariamente não me faz mais austero ou melhor que ninguém, não me deixa mais perto de deus do que outros processos de yoga, mas me mostra exatamente as questões crucias para minha transformação e manutenção de uma relação saudável comigo, com o que está ao meu redor e o que tem que ser resolvido em mim!  Meu corpo, minha alimentação, meu descanso e o que meu espirito precisa pra estar em paz. E após essa etapa, seguimos com nossa fé, eu sendo Hare krishna me refúgio no cantar dos nomes sagrados, e assim diferentes correntes propõe formas de desenvolver a fé de maneira profunda e bela.

 E você, já saiu da sua zona de conforto?

Abraço e paz, estamos juntos nessa caminhada.

                                                                                                                         Junior (Jay gauranga)