O Yoga é um estado de ser! É viver conectado com uma energia que está além dos elementos materiais, é como olhar para o sol na manhã e não limitar se apenas ao calor e a luz, mas principalmente ao estado de contemplação e gratidão. Yoga é a conexão com a essência da beleza. É a busca não apenas pela fé, mas principalmente pelo principio de realização.
Porém para alcançar a realização, o yoga se inicia como um processo gradual onde existem metas: moksha a liberação espiritual; kaivalya a perfeita união com o Divino; siddhis os poderes místicos; goswami o controlar dos sentidos, enfim.
Mas o ponto central do caminho em direção a essas metas e realizações estão na compreensão e desenvolvimento de controle da mente, pois ela é nossa principal companheira durante o percurso da jornada de auto-realização. Tratar de espiritualidade sem explorar o mecanismo de controle mental é como sair navegando sem bussola, podemos tomar atitude, mas não basta apenas à vontade, a coragem, é preciso controlar o objeto que nos conduz ao caminho correto.
Nos textos antigos como o Kena Upanishad a mente já é abordada logo no primeiro verso pelos sábios. O discípulo questiona o mestre:
“Porque a mente sempre se direciona para os objetos dos sentidos” K.U 1.1
Na Bhagavad Gita Arjuna afirma para Krishna:
Cañcalam hi Manah krishna pramáthi balavad drdham
Tasyáham nigraham manye váyor Ivã su-duskaram
“A mente é inquieta, turbulenta, obstinada e muito forte, ó Krishna, parece-me que subjugá-la é mais difícil do que controlar o vento.” B.G 6.34
E Krishna responde imediatamente:
Asamsáyam maha-baho mano durnigraham calam
Abhyásena tu kaunteya vairágyena Ca grhate
“O senhor Krishna disse: Ó poderosíssimo filho de kunti (Arjuna), é sem dúvida muito difícil refrear a mente inquieta, mas isso é possível pela pratica adequada e pelo desapego.” B.G 6.35
No Yoga Sutra o sábio Patanjali já inicia seu discurso dizendo:
Atha yoga-anusasanam
Agora aos ensinamentos do yoga Y.S 1.1
Yogas-citta-vritti-nirodhah
Yoga é a controle das flutuações mentais. Y.S 1.2
No Hatha-yoga Pradípiká o sábio Svatmarama Yogendra coloca que a mente precisa alcançar estabilidade para o avanço do praticante:
Chale vate chalam chittam nischale nischalam bhavet
Yogi athánutvamápnoti tato váyum nirodhayet
Respiração irregular implica em mente instável, com a respiração estável a mente se mantém fixa e o yogi se estabiliza, sendo assim, o yogi deve controlar a respiração. H.P 2.2
O mantra, por exemplo, significa controlar ou libertar a mente, por esse motivo os praticantes utilizam a japa-mala (rosário) para o canto constante. Compreender a mente como um “individuo” que nos acompanha sempre, é um entendimento primário para os interessados em auto-realização. Mas vamos ao ponto em questão.
Sendo a mente uma companheira de sua responsabilidade, como pretende conduzi-la? Que atitudes você toma para a sanidade de sua mente? Que tipo de relação com seu ambiente você estabelece para educar sua mente? Pois esses hábitos são cruciais para torná-la sua heroína ou vilã! Através do controle mental, os valores éticos e morais se manifestam naturalmente, o modo predominante da bondade (Sattva) se revela de forma muito espontânea.
Apenas você pode escolher educá-la ou permitir a rebeldia, pois a natureza intrínseca da mente é flutuar, basta assoprar a direção para que ela se torne sua amiga ou vilã! Eu escolhi educá-la, e você?
Como já dizia Patanjali:
Pratica e desapego (abhyasa e vairagya) implica em controle da mente (citta-vritti-nirodhah), e controle da mente, implica em menos Kleshas (sofrimentos). Vamos esticar o tapete e assoprar nossa mente? Om tat Sat…
Junior (Jay Gauranga)