Yoga pra dentro.

Venho através desse texto tentar de alguma forma, explicar e dar um pouco de conforto para os alunos apressados, no sentido de facilitar o entendimento de que a pratica de asanas é algo construtivo,  de maneira diária e gradual, como a construção de uma casa: constrói a  fundação, se coloca  tijolo após tijolo, e assim gradualmente tudo toma forma. Geralmente os alunos chegam rígidos, devido diferentes questões, unida de uma cultura na qual vende produtos e remédios  se  propondo  a resolver os problemas de maneira fugaz. Essa situação junto com a grande exposição de praticantes flexíveis nas redes sociais, apenas estimula uma falsa imagem não só da verdadeira proposta terapêutica do processo, mais principalmente do objetivo dado pelo yoga. Importantíssimo estabelecer que o asana é o meio para colaborar com o fim! Qual é o fim? Yoga, conexão com algo que é maior, não só externamente como internamente. E como resultado dessa conexão vem inúmeros aspectos adormecidos, como presença, consciência, bem aventurança e etç.

Ou seja, tenha calma e mantenha a disciplina, o resto o tempo irá cuidar.

A disciplina nos revela que um corpo saudável se torna uma grande ferramenta junto com uma mente livre e presente. Os asanas ficam mais confortáveis e a respiração flui de maneira em que a percepção dos bandhas (contrações) ficam  mais acessíveis. É  uma grande conquista, e com certeza houve muito suor no tapete para esse tipo de experiência. O ponto em questão nesse texto é esclarecer que leva tempo, paciência e persistência.

A grande “sacada” desse método é!

“ Utilizar de uma pratica mecânica e fisiológica como uma grande ferramenta de libertação das amarras mais profundas já embutidas no nosso ser. Amarras essas que geram sofrimento e ansiedade, nos tirando constantemente da nossa própria presença.”

Costumo dizer para meus alunos que  as series propostas no método ashtanga vinyasa yoga, transforma nosso corpo em uma vassoura perfeita; firme e forte como um cabo de madeira e ao mesmo tempo flexível e sensível com cerdas  compridas e suaves para varrer o indesejado do nossa mente e coração, mesmo sujeirinhas infiltradas no âmago do coração.

Uma vez que a vassoura está desenvolvida, inicia um processo muito profundo de varredura, nesse momento se mantém a dedicação, introspecção e desejo continuo de melhora como um individuo, pois a busca espiritual nesse caminho se sustenta em yama e nyama, observações para com o ambiente externo e interno de cada praticante. Os yamas nos fazem se relacionar com o mundo estabelecendo um olhar de respeito e limite, sabendo até que ponto podemos manter a naturalidade de convivência e respeito a tudo que de alguma maneira nossas atitudes (karma) pode alcançar. E os nyamas nos tornam mais introspectivos para nos amar, nos valorizar e saber que somos pequenos perante uma energia maior (ishvara, o controlador supremo) e ao mesmo tempo grandes a ponto de transformar o mundo partindo do ponto de nossas próprias vidas.

É preciso valorizar o suor derramado, é preciso desenvolver a concepção do esforço como ferramenta de busca para o interior de suas amarras. Como se a cada vinyasa executado, purificasse seus plexos na região lombar refinando suas emoções, gerando espaço no peito para abrir seu coração e se tornar mais sensível ao olhar ao próximo, e os saltos te preparasse para impulsos em direção as suas verdades existenciais, sem medo de encontrar o que não é belo em si mesmo. Essa é a beleza dessa pratica!

Quando vejo os aplicativos e mídias com belas fotos e frases bonitas, fico admirado, acho lindo e inspirador.  Penso que devemos ser abertos para utilizar de ferramentas tecnológicas para inspirar as pessoas, mas ao mesmo tempo firmes em manter o propósito da tradição, não me sinto qualificado em me expor como representante da tradição, mas humildemente venho compartilhar das minhas poucas  realizações.

Quando lemos  textos como Brhadaranyaka Upanishad encontramos:

“Me leve da escuridão para a luz…”

Na Bhagavad Gita encontramos:

…Destruir com a luz brilhante do conhecimento, a escuridão vinda da ignorância.

No Yoga Sutra de Patanjali encontramos:

…O olhar não é o verdadeiro poder de visão.

São pontos que declaram a pureza da tradição, revelam o objetivo em comum de diferentes escolas, são conceitos que unificam os diferentes  pensamentos e estabelece a verdadeira meta do yoga.

Borá praticar?

Junior (jay gauranga)

 

 

 

 

 

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